Academia Mato-Grossense
de Ciências Contábeis

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de Ciências Contábeis

AUDITORIA AMBIENTAL COMO FATOR DE IDENTIFICAÇÃO DE DANOS AO MEIO AMBIENTE E QUANTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS CONTINGÊNCIAS

 

ENVIRONMENTAL AUDIT AS IDENTIFICATION FACTOR OF DAMAGE TO THE ENVIRONMENT AND QUANTIFICATION OF POSSIBLE CONTINGENCIES

 

Este artigo foi publicado na Revista de Ciências Contábeis – Rcic – UFMT – Edição 05 – jan – jun – 2012 p.8-29.

Contador: Cosmeilson Rodrigues Soares[1]

Prof. Dr. Aloisio Rodrigues da Silva[2]

Profª Drª Sofia Inés Niveiros[3]

 

RESUMO

Este artigo enfatiza uma das vertentes da auditoria ambiental e apresenta os resultados da investigação que contemplou uma análise bibliométrica dos artigos publicados na Revista Brasileira de Contabilidade- RBC e Contabilidade & Finanças da USP compreendendo o período de 2000 a 2008. O propósito central do estudo realizado consistiu na evidenciação da relevância da auditoria ambiental como processo sistemático de avaliação e identificação dos impactos causados ao meio ambiente e quantificação de prováveis contingências à luz da viabilização do desenvolvimento sustentável das organizações. Além disso, o estudo procurava identificar a existências de artigos sobre a matéria publicados naquelas revistas a fim de conhecer os pesquisadores dessa área do conhecimento contábil. Os resultados apontam que a RBC publicou 327 artigos sobre os mais variados assuntos e a revista Contabilidade & Finanças somou 208 artigos publicados naquele período, mas nenhuma produção sobre auditoria ambiental nos dois maiores e melhores periódicos do País foi publicado. A relevância científica deste estudo concentra-se na possibilidade despertar o interesse de pesquisadores e estudiosos sobre esta importante e promissora área da contabilidade responsável pela avaliação dos processos operacionais e produtivos como forma de assegurar o desenvolvimento das organizações de forma sustentável.

 

Palavras chave: Meio ambiente. Desenvolvimento sustentável. Auditoria ambiental. Análise bibliométrica.

 

 

 

 

 

ABSTRACT

 

This article focuses on one aspect of environmental audit and presents the results of research that included a bibliometric analysis of articles published in Brazilian Journal of Accounting -RBC and Finance & Accounting – USP, comprising the period from 2000 to 2008. The central purpose of the study was the disclosure of the importance of environmental audit as a systematic process of evaluation and identification of impacts to the environment and quantification of likely contingencies in light of the viability of sustainable development organizations. Furthermore, the study sought to identify the stocks of articles on the subject published in those journals in order to meet the researchers and the approach to this area of accounting knowledge. The results indicate that the RBC has published 327 articles on various subjects and revised Accounting & Finance totaled 208 articles published in that period, but no production on environmental auditing in two recognized journals by the class of the country was published. The scientific relevance of this study focuses on the ability to stimulate the interest of researchers and scholars on this important and promising area of accounting responsibility to assess the operational and production processes in order to assure the development of organizations in a sustainable manner.

 

Keywords: Environment. Sustainable development. Environmental audit. Bibliometric analysis.

 

1 Introdução

 

Em virtude das principais atividades desenvolvidas pelas grandes indústrias no mundo inteiro, inclusive no Brasil, estar associadas a grandes mudanças ocorridas em termos de condições climáticas, promovendo há muitos anos constantemente desequilíbrios nos recursos disponíveis na natureza vem se tornando um dos maiores entraves ao processo do crescimento delas. Dessa maneira, a gestão do meio ambiente passou a ser uma das principais preocupações inerentes ao crescimento econômico, alterando a forma com que as empresas executam suas rotinas, partindo então para uma nova abordagem, a de desenvolvimento sustentável, esta que, visa basicamente não mais comprometer as gerações futuras, no que se refere à oferta de recursos naturais vitais para a sobrevivência da espécie humana.

Com o debate acerca do uso adequado do meio ambiente pelas organizações, a fim de que não propiciem dificultar a sobrevivência do homem no futuro, surge-se a auditoria ambiental como um novo paradigma de gestão que passa a ser abordado pela auditoria.

Considerando a importância da Auditoria Ambiental para as organizações atualmente, este estudo pretende responder a seguinte pergunta de pesquisa: o que a comunidade científica, especificamente, em relação aos artigos publicados na Revista Brasileira de Contabilidade, bem como na Revista Contabilidade & Finanças, vem discutindo sobre Auditoria Ambiental, durante o ano de 2000 até 2008?

O objetivo geral da pesquisa é fazer uma análise bibliométrica dos artigos publicados nas revistas científicas objetos de pesquisa, sobre auditoria ambiental, no período de 2000 a 2008. Para atingir este objetivo foram elaborados três objetivos específicos: (1) elaborar uma breve fundamentação teórica sobre os aspectos conceituais no que tange à gestão ambiental, bem como sobre a auditoria, e, principalmente, as ponderações literárias sobre a auditoria ambiental; (2) fazer coleta e análise dos dados advindos da Revista Brasileira de Contabilidade – RBC, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, bem como da Revista Contabilidade & Finanças, da Universidade de São Paulo – USP, mediante a aplicação das técnicas de análise bibliométrica, no que concerne a auditoria ambiental, no período de 2000 a 2008; e (3) Identificar de que forma esta sendo discutida pela comunidade científica das referidas revistas científicas à auditoria ambiental, bem como sugerir novos estudos a respeito deste assunto a futuros trabalhos científicos.

O embasamento teórico do estudo se subdivide em duas partes: a primeira faz uma breve contextualização sobre os aspectos conceituais da auditoria ambiental, uma nova ferramenta que objetiva essencialmente atestar a fidedignidade de um sistema de gestão ambiental implantado nas organizações, com intuito maior de apresentar ao leitor a relevância que merece ser dada à este novo paradigma de gestão aos tomadores de decisão; e a segunda contempla a própria análise bibliométrica dos artigos publicados na Revista Brasileira de Contabilidade, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, bem como da Revista Finanças e Contabilidade, da Universidade de São Paulo – USP, no período de 2000 a 2008.

No que diz respeito ao assunto de interesse global da realização deste trabalho científico, concentra-se na análise bibliométrica dos artigos publicados na Revista Brasileira de Contabilidade, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, bem como da Revista Finanças e Contabilidade, da Universidade de São Paulo – USP, no período de 2000 a 2008, com o intuito de verificar as discussões trazidas por estas revistas científicas sobre a nova expressão “Auditoria Ambiental”.

Em síntese, com o estudo pretendeu-se averiguar as discussões promovidas pela comunidade científica contábil, no que tange à produção de artigos científicos na área de auditoria ambiental, mediante a aplicação metodológica baseada em um estudo descritivo, bibliográfico e qualitativo, com a perspectiva de se fazer frente às indagações dos objetivos da pesquisa, aos procedimentos mais adequados e responder ao problema central do estudo, julgados como fatores preponderantes à determinação do método mais propício ao tema a ser abordado.

2 Contextualização da Auditoria Ambiental

O uso equitativo dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente como forma de manter a vida no planeta terra tem sido órbita de debates por todas as nações. Junto com esses fatores surge a necessidade de avaliação e identificação dos danos ao meio ambiente e quantificação das prováveis contingências decorrentes do desenvolvimento das atividades operacionais e produtivas das mais variados organizações de negócios. Em função disso, conforme Barbiere (2006) surge a expressão auditoria ambiental como sendo um conjunto de procedimentos de caráter analítico que são aplicados para apurar fatos e eventos prejudiciais ao meio ambiente e apontar as medidas que precisam ser adotadas para evitar contingências passivas e preparar a empresa para receber o Certificado ISO 14.000 – selo meio ambiente.

Nesse sentido, a Comunidade Européia (1992 apud OLIVEIRA et alii 2008, p.116) definiu auditoria ambiental com:

Uma ferramenta de gerência que compreende a avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva do desempenho de uma organização, do seu sistema de gerência e de equipamentos destinados à proteção do meio ambiente com os seguintes objetivos: facilitar a gerência e controlar suas práticas ambientais; avaliar o cumprimento de políticas ambientais da companhia, incluindo a observância da legislação ambiental existente.

Do exposto pode-se deduzir que a auditoria ambiental se apresenta como fator relevante para assegurar a implantação e gerenciamento de políticas efetivas destinadas ao reparo dos impactos ambientais causados pelas empresas, tendo como consequência a redução de seus índices de poluição. Consolidar o processo da auditoria ambiental no âmbito das organizações de negócios deveria ser preocupação permanente de empresários, industriais, prestadores de serviços, produtores rurais e, principalmente, autoridades governamentais, pois avaliar o passivo ambiental acumulado pelas entidades produtivas direciona novas políticas utilização dos recursos naturais e de redução dos níveis de poluição do planeta.

As agressões ao meio ambiente ocorrem óbvias da exploração de atividades operacionais de natureza variadas, como por exemplos:

  1. danos aos oceanos provocados por vazamentos e óleos de navios petroleiros e avarias em plataformas de petróleo;
  2. poluição do ar por emissões de gases poluentes, por parte das atividades industriais dos mais variados ramos de atividades;
  3. contaminação dos lençóis freáticos provocada pelo mau uso da terra, desmatamentos desordenados, aplicações de herbicidas, fungicidas e tantos outros produtos de combate às pragas inerentes às atividades agropecuárias; e
  4. poluição dos rios e lagos por falta de tratamentos dos esgotos e lixos produzidos nas grandes cidades.

O diagnóstico dessas agressões ambientais, a identificação e orientação das políticas operacionais das organizações a fim de minimizá-las constituem as razões para a realização da auditoria ambiental de forma ampla em todos os segmentos econômicos e sociais. Além disso, a identificação dos passivos ambientais apontará o volume de investimentos que necessitam ser realizados para assegurar o desenvolvimento sustentável das organizações tornando-se mais eficazes as determinações legais e controle dos impactos ambientais, uma vez que os recursos naturais são finitos.

Nessa perspectiva, vale ressaltar a visão de Ferreira (2003, p. 89) sobre alguns fatos que antecederam a origem da auditoria ambiental:

A auditoria, para atender à necessidade de informação sobre as empresas, começou a desenvolver estudos, principalmente com base em fato ocorrido na Índia com a empresa Union Carbide, cuja tragédia resultou em centenas de mortes devido ao vazamento de gases. As ações da empresa despencaram nas Bolsas de Valores, inclusive porque as famílias afetadas pela desgraça deveriam ser indenizadas, o que levou à venda da empresa por um valor substancialmente menor do que ela valia antes do acidente. Mais recentemente, tragédia parecida aconteceu no Alaska (EUA), com o vazamento de óleo no mar, provocado pela empresa Exxon. Também neste caso, o impacto foi sentido no preço das ações.

Desse modo, torna-se evidente a relevância da adoção de uma auditoria ambiental, sobretudo às organizações de capital aberto, com ações disponíveis em bolsas de valores, dado o aumento das exigências por parte dos acionistas, pois qualquer incidente ambiental poderá provocar desvalorizações de seus investimentos. Além disso, nota-se a preferência do consumidor pela demanda de produtos e serviços ecologicamente corretos e por esse motivo qualquer acidente ambiental envolvendo uma determinada entidade empresarias poderá fazer com que o preço de seus produtos despenque e com inviabilize seu crescimento e desenvolvimento.

Essa tendência de uma maior preocupação com a aquisição de produtos “verdes” pelos consumidores torna-se ainda mais perceptível ao se descrever as opiniões de Andrade; Tachizawa e Carvalho (2002, p. 06) que afirmam:

Em função das exigências da sociedade, feitas por parte das organizações, de um posicionamento mais adequado e responsável, no sentido de minimizar a diferença verificada entre os resultados econômicos e sociais, bem como da preocupação ecológica, que tem ganhado destaque significativo, e em face da sua relevância para a qualidade de vida das populações, tem-se exigido das empresas um novo posicionamento em sua interação com o meio ambiente.

Constata-se uma mudança de comportamento dos consumidores, sobretudo no que diz respeito às práticas de políticas de gestão sócio-ambientais por parte das organizações, demonstrando uma posição contrária àquelas que não considerarem a gestão do meio ambiente como parte integrante de suas rotinas administrativas.

Assim, pode-se inferir que a auditoria ambiental se constitui numa nova metodologia de trabalho de verificação sistemática que avalia as políticas de gestão dos negócios com o intuito de descobrir alternativas que auxilie na indicação de insumos e produtos que sejam menos agressivos ao meio ambiente.

Nesse sentido, enfatizam-se as observações realizadas por Barbiere (2006, p. 189):

No início, as auditorias ambientais buscavam basicamente assegurar a adequação das empresas às leis ambientais dentro de uma postura defensiva, ou seja, elas procuravam identificar possíveis problemas relacionados com multas, indenizações e outras penalidades ou restrições contidas nas diversas leis federais, estaduais e locais. Muitas organizações começaram a realizar auditorias voluntárias e os órgãos governamentais passaram a estimular tal prática.

As discussões até aqui feitas e apresentadas apontam para uma evolução da concepção do real significado e campo de abrangência da auditoria ambiental. Essas discussões e afirmações permitem dizer que auditoria ambiental é um processo sistemático de objetivamente coletar e avaliar evidências de como a entidade examinada está em relação às questões ambientais.

 

2.2 Objetivos e Classificação da Auditoria Ambiental Quanto ao Tipo

A busca de um diagnóstico instantâneo de que o processo produtivo nas organizações vem sendo executado em conformidade com as condições ambientais e de que as oportunidades de melhoria possíveis são aproveitadas constituem papeis fundamentais da auditoria ambiental. Segundo esse raciocínio pode-se afirmar que as auditorias ambientais têm vários objetivos dentre os quais é oportuno destacar aqueles destacados por Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002, p. 06):

Os principais objetivos de uma auditoria ambiental são:

  • permitir a investigação sistemática dos programas de controle ambiental de uma empresa;
  • auxiliar na identificação de situações potenciais de problemas ambientais;
  • verificar se a operação industrial está em conformidade com as normas / padrões legais e também com padrões mais perigosos definidos pela empresa.

 

Assim, observa-se que a verificação da pertinência dos programas de controle ambiental, a identificação de pontos fortes e fracos da organização com relação ao meio ambiente e segundo as políticas estabelecidas pela própria empresa constitui os propósitos essenciais das auditorias ambientais. A adoção espontânea da auditoria ambiental pelas organizações, principalmente, industriais se justifica pelo fato de que esta área da auditoria constitui um poderoso instrumento de gestão ambiental. A realização da auditoria ambiental possibilita a avaliação do grau dos impactos ambientais e a aponta as medidas necessárias para reduzir os danos, uma vez que tais elementos abordados são tidos como os principais “gargalos” ao desenvolvimento das atividades, sobretudo das agroindústrias, que possuem a característica de serem atividades extremamente impactantes ao meio ambiente.

Existem diferentes formas para se classificar a auditoria ambiental e um ervaçal de terminologias que são utilizadas para descrever cada uma dessas modalidades. Quanto ao tipo a auditoria ambiental pode ser classificada conforme segue:

  1. auditoria de conformidade (compliance);
  2. auditoria de desempenho ambiental (análise crítica ambiental);
  3. due diligence (auditoria para aquisição, fusão e alienação);
  4. auditoria de desperdícios e emissões (fase I);
  5. auditoria pós-acidente (fase II);
  6. auditoria de fornecedor (aplicabilidade – segunda parte).

Na tabela I, abaixo, são apresentados esses tipos de auditoria, seus respectivos objetivos e instrumentos de referência.

ALGUNS TIPOS DE AUDITORIAS AMBIENTAIS
TIPO OBJETIVOS PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE REFERÊNCIA
Auditoria de Conformidade (compliance) Verificar o grau de conformidade com a legislação ambiental. Legislação ambiental

Licenças e processos de licenciamentos

Termos de ajustamento

Auditoria de Desempenho Ambiental (análise crítica ambiental) Avaliar o desempenho de unidades produtivas em relação à geração de poluentes e ao consumo de energia e materiais, bem como aos objetivos definidos pela organização. Legislação ambiental

Acordos voluntários subscritos

Normas técnicas

Normas da própria organização

Due Diligence (auditoria para aquisição, fusão e alienação) Verificação das responsabilidades de uma empresa perante acionistas, credores, fornecedores, clientes, governos, etc. Legislação ambiental, trabalhista, societária, tributária, civil, comercial etc.

Contrato social, acordos com acionistas e empréstimos.

Títulos de propriedade e certidões negativas.

Auditoria de Desperdícios e de Emissões (auditoria de fase I) Avaliar as perdas e seus impactos ambientais e econômicos com vistas às melhorias em processos ou equipamentos específicos. Legislação ambiental

Normas técnicas

Fluxogramas e rotinas operacionais

Códigos e práticas do setor

Auditoria a ser feita Pós-acidente (auditoria de fase II) Verificar as causas do acidente, identificar as responsabilidades e avaliar danos. Legislação ambiental e trabalhista

Acordos voluntários subscritos

Normas técnicas

Plano de emergência

Normas de organização e programas de treinamento

Auditoria de Fornecedor (exame de aplicabilidade 2ª parte) Avaliar o desempenho de fornecedores atuais e selecionar novos. Selecionar fornecedores para projetos conjuntos. Legislação ambiental

Acordos voluntários subscritos

Normas técnicas

Normas da própria empresa

Demonstrativos contábeis dos fornecedores

Licenças, certificações e premiações

Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental (auditoria para certificação ISO 14001) Avaliar o desempenho do Sistema de Gestão Ambiental, seu grau de conformidade com os requisitos da norma utilizada e se está de acordo com a política da empresa. Normas que especificam os requisitos do SGA (ISSO 14001, Emas etc.)

Documentos e registros do SGA

Critérios de auditoria do SGA

Tabela 1 – Tipos, objetivos e instrumentos de referência de auditorias ambientais.

Fonte: Barbiere, (2006, p. 191), adaptado pelos autores.

Diante do exposto, pode-se inferir que a auditoria ambiental compreende várias facetas, as quais a torna mais que uma mera expressão da gestão ambiental, mas também uma ferramenta capaz de detectar problemas e oportunidades em áreas específicas, promovendo análises profundas que visam descobrir, averiguar e apurar os fenômenos que geram impactos ambientais das mais variadas proporções que se possa imaginar. Além disso, a auditoria ambiental aponta os caminhos a serem trilhados pela organização auditada a fim de promover o desenvolvimento de suas atividades de forma sustentável.

Concernente aos objetivos específicos de um processo de auditoria ambiental levado a efeito em uma organização e baseando-se nas deficiências e oportunidades diagnosticadas nas diferentes áreas examinadas se podem dizer, conforme afirma ibid (2006, p. 193) que o seu foco compreende:

  • fontes de poluição e medidas de controle e prevenção;
  • uso de energia e água e medidas de economia;
  • processos de produção e distribuição;
  • pesquisas e desenvolvimento de produtos;
  • uso, armazenagem, manuseio e transporte de produtos controlados;
  • subprodutos e desperdícios;
  • estações de tratamento de águas residuárias;
  • sítios contaminados;
  • reformas e manutenções de prédios e instalações;
  • panes, acidentes e medidas de emergência e mitigação;
  • saúde ocupacional e segurança do trabalho.

Nota-se que o campo de aplicação da auditoria ambiental é amplo, isto é, abrange deste um setor específico até aos mais variados e complexos setores operacionais e técnicos. O processo de auditoria ambiental pode ser utilizado como fator de redução de custos através da recomendação de adoção de simples atitude como, por exemplo, diminuir os desperdícios com o uso inadequado de energia elétrica, muitas vezes resultantes da falta de manutenção das instalações, pela conscientização à sua economia de consumo.  Outra medida eficaz é adoção de políticas de reutilização da água, mediante a criação das estações de tratamento, entre outros.

Conforme discutido, pode-se dizer que o campo de aplicação e os objetivos da auditoria ambiental são amplos e sua relevância pode ser comparada com a própria necessidade de preservação do meio ambiente, assim como a de promover o desenvolvimento e o crescimento da economia e das empresas de forma sustentada.

 

2.3 Fases de um Processo de Auditoria Ambiental

Da mesma forma como para outros tipos de auditoria, o processo de auditoria ambiental compreende quatro etapas fundamentais que são: o planejamento dos exames, a preparação ou programação das verificações, a execução propriamente dita e elaboração do relatório final dos auditores.

A primeira fase, ou seja, planejamento da auditoria compreende a definição de estratégias de trabalho que possibilitaram a execução das verificações dentro de um padrão de qualidade definido pela equipe de auditores e esperados pelos usuários internos e externos. Nesta etapa são estabelecidos os objetivos e a abrangência dos exames que serão executados, os procedimentos a serem seguidos e os recursos necessários.

Na segundo fase, ou seja, preparação ou programação das verificações é definida a equipe de auditores necessária para a execução dos exames, estudo preliminar da documentação, legislação aplicável e normas relacionadas às atividades da empresas objeto da auditoria e elaboração e adaptação do programa de trabalho, incluindo treinamento da equipe de auditores.

Com relação à terceira fase, ou seja, a execução da auditoria propriamente dita se inicia com uma reunião de abertura dos trabalhos, coleta de evidências  (provas) suficientes e competentes para a formulação da opinião de auditoria e se encerra com a apresentação dos resultados em reunião da equipe responsável pelo processo de auditoria.

Por fim, a quarta fase, ou seja, a elaboração do relatório final compreende o relato dos resultados alcançados, definição do formato e como os achados serão apresentados juntamente com as recomendações e/ou sugestões de melhorias a serem aplicadas.

Nesse sentido, Campos e Lerípio (2009, p.24) apresentam um quadro no qual retratam o local, etapa e atividades de uma auditoria ambiental, conforme pode ser visualizado:

Quadro 1 – Etapas e atividades de uma auditoria ambiental

LOCAL ETAPA ATIVIDADES
Atividades prévias

(fora das instalações)

 

PLANEJAMENTO DA AUDITORIA Definição dos objetivos e escopo

Definição dos critérios

Definição dos recursos necessários

Atividades prévias

(fora das instalações)

 

PREPARAÇÃO DA AUDITORIA Definição da equipe auditoria

Análise preliminar de documentos

Plano de auditoria

Elaboração/adaptação dos instrumentos de trabalho

Estudo da legislação/normas

Atividades nas instalações EXECUÇÃO DA AUDITORIA Reunião de abertura

Coleta e avaliação das evidências

Constatações

Reunião de encerramento e apresentação dos resultados

Atividades pós-auditoria (dentro e/ou fora das instalações) ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL Conteúdo, formato e distribuição do relatório

Plano de ação (quando acordado no escopo)

 

Outras organizações internacionais trouxeram contribuições significativas para a melhor sistematização de um processo de auditoria ambiental, conforme pode ser lido nas afirmações que Barbiere (2006, p.195) apresenta:

Contra essa proliferação de modalidades de auditorias e da confusão decorrente do amplo espectro de objetivos e, consequentemente, de procedimentos, algumas entidades públicas e privadas procuram clarificar o seu entendimento e orientar a sua prática. […] Porém, foi a International Chamber of Commerce[4] (ICC) que empreendeu uma verdadeira cruzada para valorizar a auditoria ambiental e estabelecer orientações para sua elaboração. eue empreendeu uma verdadeira cruzada para valorizar a auditoria ambiental e estabelecer orientaç]es pva

Com isso, constata-se que a ICC foi responsável pela valorização da auditoria do meio ambiente, assim como pelo estabelecimento de que são utilizados como referências para as verificações desenvolvidas nesta área do conhecimento. Muitos são os assuntos relevantes que merecem ser analisados numa pesquisa desta natureza, porém este artigo tem como principal foco apresentar os resultados das investigações realizadas nos dois principais periódicos da área contábil que são publicados no Brasil para o período já referido anteriormente, o que se fazem nos tópicos a seguir.

 

2.4 Trajetória Metodológica da Investigação Realizada

Esta pesquisa caracteriza-se como sendo um estudo descritivo, bibliográfico e qualitativo. Utiliza-se de técnicas de análise bibliométrica, com as quais se busca identificar os artigos publicados pelas referidas revistas selecionadas para averiguação, no período de 2000 a 2008. Assim, a descrição metodológica do estudo está dividida em 3 partes: (i) trajetória da pesquisa, (ii) procedimentos utilizados para a análise bibliométrica e (iii) delimitação do campo de estudo.

 

2.4.1 Trajetória da pesquisa

Inicialmente, são listados os artigos científicos publicados pela Revista Brasileira de Contabilidade, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, bem como pela Revista Contabilidade & Finanças, da Universidade de São Paulo – USP, compreendendo o período de 2000 a 2008 sobre assuntos relacionados à auditoria ambiental, adotou-se o estudo bibliométrico que, por sua vez, segundo a visão de Vanti (2002, p. 152), possui o seguinte significado:

Bibliometria refere-se à utilização de análises quantitativas, estatísticas e de visualização de dados não só para mapear a estrutura do conhecimento de um campo científico, mas também como ferramenta primária para análise do comportamento dos pesquisadores em suas decisões na construção desse conhecimento.

Com isso, verifica-se a relevância da adoção desse instrumento, uma vez que com este tipo de metodologia torna-se possível organizar a estrutura do conhecimento científico, por meio de análises quantitativas e estatísticas, bem como possibilita a observação do modo com que os pesquisadores tomam suas decisões quando do desenvolvimento de determinado campo do saber humano. Por outro lado, visando enriquecer a discussão, vale ressaltar o que diz Araujo (2006, p. 13) sobre tal ferramenta, ao afirmar que “A bibliometria é marcada desde a sua origem por uma dupla preocupação: a análise da produção científica e a busca de benefícios práticos imediatos para bibliotecas”. Diante disso, constata-se que as características da análise bibliométrica são adequadas à pesquisa desenvolvida durante todo o transcorres deste estudo.

Contudo, em se tratando da última categoria do tipo de pesquisa metodológica, isto é, da abordagem do problema, ela não pode ser considerada como quantitativa, pois de acordo com as argumentações de Richardson (1999, apud BEUREN, 2006, p. 92), a abordagem quantitativa:

Caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação,análise de regressão etc

Constata-se, portanto, que a verificação quantitativa é mais simples em termos de aprofundamento, preocupando-se mais com os acontecimentos globais, sendo que o modo pelo qual ela deve ser conduzida não permite qualquer tipo de interferência por parte do pesquisador. É por isso que Beuren (2006, p.93) destaca: “[…] a abordagem quantitativa é frequentemente aplicada nos estudos descritivos, que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis e a relação da causalidade entre fenômenos”.

Os esclarecimentos sobre a abordagem quantitativa permitem com segurança dizer que a investigação realizada se enquadra dentro das concepções do método qualitativo. A respeito deste último Vianna (2001, p. 122) afirma:

Na pesquisa qualitativa você analisará cada situação a partir de dados descritivos, buscando identificar relações, causas, efeitos, consequências, opiniões, significados, categorias e outros aspectos considerados necessários à compreensão da realidade estudada e que, geralmente, envolve múltiplos aspectos.

Dessa maneira, pode-se mencionar que a pesquisa qualitativa exige maior atenção por parte do pesquisador, pois utilizar dados qualitativos envolve uma variedade de procedimentos, bem como maior especificidade no tratamento dos mesmos, além da possibilidade dele interferir inclusive na coleta e tratamento dos dados, marcando neste ponto a principal distinção deste método em relação ao método quantitativo.

É oportuno ressaltar que para a realização desta pesquisa, inicialmente, realizou-se uma breve revisão de literatura a respeito da auditoria ambiental. Em seguida foram cumpridas outras etapas fundamentais para a consecução dos objetos propostos, ou seja, levantamentos de dados através da análise bibliométrica dos artigos publicados nas referidas revistas científicas já destacadas anteriormente para o período destacado. Na fase de análise documental foram inevitáveis as consultas aos sites do Conselho Federal de Contabilidade e da Universidade de São Paulo, respectivamente, para subsidiar a coleta de dados necessários aos propósitos do estudo.

 

2.4.2 Procedimentos utilizados para a análise bibliométrica

Os dados coletados foram sistematizados utilizando-se do software da Microsoft denominado “Excel”.  Os resultados apurados permitiram a preparação de planilhas e gráficos que os evidenciam e facilitam sua análise e interpretação.

 

2.4.3 Delimitação do estudo

Inicialmente, o âmbito desta investigação seria o das revistas de contabilidade publicado no território nacional, porém os fatores tempo e recursos financeiros sugeriram sua delimitação aos artigos publicados nas seguintes revistas: a) Revista Brasileira de Contabilidade – RBC, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC e b) Revista Contabilidade & Finanças, da Universidade de São Paulo – USP. O período analisado foi de 2000 a 2008 e o propósito central era a identificação da produção científica sobre auditoria ambiental.

2.5 Análise dos Resultados da Pesquisa

Aqui são apresentados os resultados da pesquisa subdividindo-os em: (1) análise bibliométrica das publicações realizadas por cada periódico referidos no período investigado.

 

2.5.1 Análise bibliométrica das publicações na RBC/CFC: período de 2000 a 2008

A amostra está definida por acessibilidade, coincidindo com o período em que alguns dos professores do Departamento de Ciências Contábeis da UFMT, campus de Rondonópolis possuíam assinatura da Revista Brasileira de Contabilidade (RBC). Este periódico foi distribuído 6 (seis) vezes por ano, apresentando um caráter bimestral às suas edições.

Assim, são realizadas análises das revistas do período amostral de 2000 a 2008. Foram coletadas e analisadas várias publicações, que se iniciaram desde o número 121 (cento e vinte e um) até o número 174 (cento e setenta e quatro), totalizando 327 (trezentos e vinte e sete) artigos publicados, distribuídos em 54 (cinquenta e quatro) fascículos, gerando em média aproximadamente, 6(seis) artigos por edição, apresentando assim uma média aproximada de 36(trinta e seis) artigos por ano.

Doravante a isso, conforme a tabela 3 exposta abaixo, verificou-se uma redução no número de publicações ao ano, talvez devido ao fato de que tenha sido uma exigência da própria equipe de editoração da revista em limitar para no máximo 5 (cinco) artigos bimestrais, ou seja, uma edição publicada a cada dois meses.

Tabela 3 – Quantidade de artigos por edição/ano da RBC

Fonte: Elaborado pelo autor, (2009), adaptado pela RBC.

Nessa mesma linha de raciocínio, definindo-se o ano de 2000 como ano base para análise, se comparado com o ano de 2008, denotou-se uma diminuição de mais da metade de artigos publicados, isto é, de 67 para 30, respectivamente, gerando uma diferença de 37 artigos que deixaram de ser publicados.

Com relação ao montante de artigos publicados dentro dos anos cogitados para análise, 327, em termos percentuais, a representatividade maior foi a verificada no ano de 2000, 20,49%, sendo que a menor participação do total foi a de 2006, com apenas 7,95%. Tal análise pode ser reafirmada observando-se o gráfico 1, que trata da análise da evolução quantitativa dos artigos gerados no período separado para análise, ou seja, desde o ano de 2000 até 2008.

Gráfico 1 – Análise da evolução quantitativa dos artigos publicados pela RBC

Fonte: Elaborado pelo autor, (2009), adaptado pela RBC.

Assim, imputa dizer que muitas possibilidades poderiam ser levantadas para justificar a redução no volume de publicações na referida revista, sendo que, uma delas seria uma provável migração dos pesquisadores da área contábil para outros periódicos ou até mesmo eventos.

Paralelamente, tendo vistas à consecução dos objetivos da pesquisa, na tabela 4, registram-se algumas das principais áreas temáticas dos artigos publicados pela RBC/CFC, desde o ano de 2000 até 2008, dando maior relevância à observância de quaisquer assuntos que fosse relacionado especificamente com a Auditoria Ambiental, assim como constando temas das seguintes áreas: Auditoria Ambiental, Auditoria, Balanço Social e suas vertentes, Ética Profissional e, por fim, Responsabilidade Social.

 

ÁREA TEMÁTICA EDIÇÕES TOTAL
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 F %
Auditoria Ambiental 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,00
Auditoria 3 1 1 3 3 1 3 3 0 18 33,33
Balanço Social e vertentes 2 4 4 0 1 4 3 1 0 19 35,19
Ética Profissional 2 0 0 0 4 0 1 2 1 10 18,52
Responsabilidade Social 0 2 1 0 2 2 0 0 0 7 12,96
TOTAL 7 7 6 3 10 7 7 6 1 54 100,00

Fonte: Elaborado pelos autores, (2009).

Tabela 4 – Algumas áreas temáticas dos artigos da RBC

Com relação à área temática ficou evidente que não foi registrada nenhuma publicação de artigos relacionados à auditoria ambiental. Isso demonstrando a falta de iniciativa por parte da comunidade científica em tratar de um assunto que cada vez mais vem se tornando uma constante em face das sucessivas mudanças ocorridas no cenário econômico mundial, voltando-se mais para o desenvolvimento sustentável.

No entanto, em relação às áreas temáticas nota-se que a produção científica no campo da auditoria apresenta considerável volume de artigos publicados, um total de 18 (dezoito) publicações o que representa 38% (trinta e oito por cento) do total publicado no período considerado. Por outro lado, o Balanço Social e suas vertentes representam cerca de 40% das produções científicas publicas naquele período pela RBC/CFC.

Para facilitar uma melhor visualização e leitura evidencia-se no gráfico 2 abaixo o percentual de participação de cada área temática das publicações realizadas naquele período na RBC/CFC.

Gráfico 2 – Percentual de participação das áreas temáticas em relação ao total na RBC

Fonte: Elaborado pelo autor, (2009), adaptado pela RBC.

Os resultados até aqui evidenciados mostram que apesar da auditoria ambiental ter sua origem na década de 1970, nos Estados Unidos, os pesquisadores da área contábil no Brasil ainda não tomaram consciência de sua relevância e benefícios obtidos com a sua aplicação nas organizações.

 

4.2 Análise bibliométrica das publicações da Revista Contabilidade & Finanças da USP, no período de 2000 a 2008

O levantamento dos dados das publicações da revista “Contabilidade e Finanças” da Universidade de São Paulo, cuja amostra foi definida por acessibilidade por meio da internet no site da referida universidade. Os dados das publicações estão disponíveis, sem a identificação dos autores, mas contendo os títulos dos artigos o que consubstancia as informações necessárias tendo em vista a consecução dos objetos deste estudo.

Foram analisados os títulos das revistas do período amostral de 2000 a 2008, utilizando-se as técnicas de análise bibliométrica, das revistas número 23 (vinte e três) até a de número 48 (quarenta e oito), totalizando, portanto, 26 (vinte e seis) edições com publicações de 208 (duzentos e oito) artigos, em 27 (vinte e sete) fascículos, consideradas as edições especiais.  Essa produtividade gera aproximadamente 8 (oito) artigos por edição e 23 (vinte e três) artigos por ano.

A tabela 5, abaixo evidenciada, revela aumento significativo no volume de suas publicações, especialmente, nos anos de 2003, 2004, 2006 e 2007 justificado em função de edições especiais que foram publicadas nesses exercícios.  Para que não pairam dúvidas entendeu-se oportuno esclarecer que no ano de 2000, a edição da referida revista científica era semestral. Já nos anos subsequentes, as publicações passaram a ser quadrimestral.

ANO EDIÇÕES TOTAL
            F %
2000 04 04 00             08 3,85
2001 05 05 07             17 8,17
2002 06 05 06             17 8,17
2003 07 07 13             27 12,98
2004 06 14 05             25 12,02
2005 07 07 08             22 10,58
2006 07 07 22             36 17,31
2007 07 16 08             31 14,90
2008 07 09 09             25 12,02
TOTAL 56 74 78             208 100,00

Tabela 5 – Quantidade de artigos por edição/ano da Revista Contabilidade & Finanças da USP

Fonte: Elaborado pelos autores, (2009).

Analisando os dados evidenciados na tabela anterior pode ser observado o ano de foi aquele em que se publicou o maior número de artigos, ou seja, 36 (trinta e seis) representando, portanto, 17,31% do total. Em contrapartida, o ano de 2000 representou o menor índice de publicações, somando apenas 8 (oito) artigos que representam 3,85% da totalidade de artigos públicos no período estudado.

Para facilitar a visualização elaborou o gráfico 3 que mostra o desempenho da revista em termos de percentual para cada ano em relação ao total de publicações do período abrangido por este estudo.

 

Gráfico 3 – Evolução percentual dos artigos publicados pela Revista Contabilidade & Finanças/USP

Fonte: Elaborado pelos autores, (2009).

A consecução dos objetivos desta investigação realizada sugeriu a organização dos artigos publicas pela Revista Contabilidade & Finanças/USP nas mesmas áreas temáticas adotadas para estudo dos dados da revista RBC/CFC, isso para que fosse possível a realização da análise bibliométrica das produções científicas devidamente publicadas pelo referido periódico.

Os resultados dessa organização podem ser mais facilmente visualizados na tabela 6 abaixo apresentada.

ÁREA TEMÁTICA EDIÇÕES TOTAL
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 F %
Auditoria Ambiental 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,00
Auditoria 0 0 1 2 3 1 2 1 3 13 61,90
Balanço Social e vertentes 0 1 1 0 2 0 0 1 0 5 23,81
Ética Profissional 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 9,52
Responsabilidade Social 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 4,76
TOTAL 0 1 2 2 5 1 2 4 4 21 100,00

Tabela 6 – Algumas áreas temáticas dos artigos da Revista Contabilidade & Finanças da USP

Fonte: Elaborado pelos autores, (2009).

Observa-se, portanto, que dos 208 artigos publicados no periódico em análise apenas 21 (vinte e um) estão relacionado com as áreas temáticas escolhidas para análise. Destes nenhum dos artigos publicados versou sobre auditoria ambiental. Entretanto, há que se ressaltar que a temática auditoria propriamente dita, superou as demais áreas com 61,90% da totalidade dos artigos publicados dentro do rol das temáticas definidas na tabela acima.

Mais uma vez o estudo revela que o assunto auditoria ambiental, em que pese a sua relevância para o cenário econômico, político e social, principalmente, no âmbito das grandes empresas que são os maiores poluidores do planeta, ainda não mereceram atenção dos pesquisadores brasileiros.

Por outro lado, o tema Balanço Social e suas vertentes, considerando-se o rol das temáticas selecionadas para análise contribuiu com a produção de 5 (cinco) artigos, ou seja, 24%. As demais áreas somaram juntas aproximadamente 14% do total.

Assim, para facilitar o entendimento da discussão auferida em torno dos dados evidenciados pela amostra, o gráfico 4, que trata do percentual de participação de cada área temática em relação ao seu total, visa demonstrar de um modo mais simplificado os principais itens resultantes da análise, conforme se observa.

Gráfico 4 – Participação de cada área temática em relação ao total das áreas selecionas na Revista Contabilidade & Finanças/USP

Fonte: Elaborado pelos autores, (2009).

Enfim, do que foi discutido, nota-se que a auditoria ambiental, apesar das vantagens e evoluções das últimas décadas ainda é uma assunto que necessita ser objeto de estudos e investigações por parte de estudiosos e pesquisadores, pois da análise dos dois principais periódicos nacionais verificou-se que nenhum artigo sobre este assunto foi publicado nos últimos 9 (nove) anos.

 

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa concentrou sua atenção na investigação da existência ou não de publicações de artigos concernentes à auditoria ambiental, considerada uma metodologia nova, cujas características marcantes de tal paradigma é manter um processo investigativo dos programas de controle ambiental, bem como identificar situações de riscos, que poderiam acarretar desastres ao meio ambiente e consequentemente prejuízos financeiros à companhia.

Constatou-se que a auditoria ambiental está em franco desenvolvimento no Brasil e que se apresenta com uma ferramenta de múltiplas funções e inúmeros benefícios para as empresas, sociedade e meio ambiente. Um processo de auditoria ambiental bem conduzido e sistematizado pode auxiliar as empresas na detecção de problemas ambientais pontuais e futuros, mas, também, se apresenta como uma tecnologia capaz de identificar oportunidades de redução de custos e com isso aumentar a riqueza das organizações.

As verificações realizadas pela auditoria ambiental podem identificar previamente problemas que podem gerar impactos ambientais futuros e inaceitáveis e com isso permitir adoção de políticas que visem se não eliminarem, pelo menos, minimizarem tais impactos, o que evitará o surgimento de passivos ambientais.

As descobertas evidenciadas anteriormente exigem que sejam feitas algumas sugestões para:

  1. os pesquisadores dedicarem seus esforços na divulgação desta nova tecnologia contábil no sentido produzirem artigos, dissertações e teses e pesquisas sobre a temática da auditoria ambiental;
  2. as empresas adotarem a auditoria ambiental como uma ferramenta de gestão administravas preventiva, pois permitirá a identificação de passivos ambientais, redução de conflitos com os órgãos de controle ambiental e com a comunidade, alem de reduzir custos e harmonizar as suas práticas operacionais;
  3. as universidades e faculdades que ofertam cursos de ciências contábeis que incentivem a realização de pesquisas e monografias sobre a auditoria ambiental, pois com isso estarão contribuindo de forma definitiva para a soluções de problemas da poluição e emissões de gases poluentes que prejudicam a sobrevivência do planeta e ao desenvolvimento sustentável das organizações.

Por fim, os resultados alcançados mostram que são muitos os aspectos positivos da adoção da auditoria ambiental nas suas diversas facetas uma vez que permite o diagnóstico das questões relacionadas com o meio ambiente e com o grau de exigência do consumidor, principalmente, dos países mais desenvolvidos.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana Barreiros de. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 2002.

BARBIERE, José Carlos. Gestão ambiental empresarial. Conceitos, modelos e instrumentos 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

BEUREN, Maria Ilze et al. Como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

BOYTON, William C. RAYMOND, Johnson N. KELL, Walter G. Auditoria. tradução – José Evaristo dos Santos. São Paulo: Atlas, 2002.

CAMPOS, Lucila Maria de Souza. Auditoria ambiental: uma ferramenta de gestão. São Paulo: Atlas, 2009.

FERREIRA, Aracéli Cristina de Souza. Contabilidade ambiental: uma informação para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atlas, 2003.

FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria contábil: normas de auditoria, procedimentos e papéis de trabalho, programas de auditoria e relatórios de auditoria. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

JUND, Sérgio. Auditoria: Conceitos, normas, técnicas contábeis, procedimentos. São Paulo: Impetus, 2001.

NBR ISO 14001: 96. Sistema de gestão ambiental: especificações. ABNT, 1996.

OLIVEIRA, Luís Martins de. et all. Curso básico de auditoria. São Paulo: Atlas, 2008.

SANTOS, Rosely Ferreira dos. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004.

VANTI, Nadia Aurora Peres. Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento. In Ciência da Informação, Brasília, v. 31, n. 2, p. 152-162, 2002.

VIANNA, Ilca Oliveira de Almeida. Metodologia do trabalho científico: um enfoque didático da produção científica. São Paulo: E.P.U., 2001.

[1] Cosmeilson Rodrigues Soares – aluno do 5º ano do Curso de Ciências Contábeis da UFMT/ Campus Universitário de Rondonópolis e estagiário em Auditoria junto a Audiconti Auditoria e Consultoria S/S com sede na mesma cidade.

[2] Aloisio Rodrigues da Silva – professor no curso de Ciências Contábeis da UFMT/ Campus Universitário de Rondonópolis – Doutorado em Contabilidade.

[3] Sofia Inés Niveiros – professora no curso de Ciências Contábeis da UFMT / Campus Universitário de Rondonópolis – Doutorado em Engenharia de Produção.

[4] Câmara Internacional do Comércio.